André Esteves, Flávio Rocha, Rubens Menin e outros: a elite que ovaciona o genocida Bolsonaro

Empresarios-Wando

Ilustração: The Intercept Brasil

Bolsonaro se reuniu na última quarta-feira com um grupelho de empresários em São Paulo. Na manhã seguinte, os jornais trataram a reunião como se fosse uma demonstração de um apoio maciço do alto empresariado ao presidente. Mas o fato é que os 19 empresários que participaram do convescote fazem parte do núcleo duro do Bolsonaro, aquele que sempre puxa o seu saco desde sempre. Segundo grandes empresários consultados pelo Valor, o grupelho não representa a opinião do alto empresariado.

Os grupos de WhatsApp desses empresários e executivos amanheceram no dia seguinte indignados com a repercussão do encontro. A percepção entre eles é a de que a reunião foi cavada por Bolsonaro para passar a impressão que ele conta com um apoio relevante das elites. Boa parte da imprensa caiu na armadilha e noticiou que Bolsonaro foi “ovacionado em jantar de reaproximação com empresários” — um serviço de assessoria de imprensa grátis para o presidente.

Não houve essa reaproximação de fato. Parte importante do alto empresariado abandonou o barco e tem feito críticas duras ao governo em relação ao combate da pandemia. Em carta aberta assinada por mais de 500 banqueiros e CEOs de grandes empresas, o presidente foi cobrado por mais vacinas, máscaras gratuitas e adoção de medidas de distanciamento social. Além disso, foram claros ao refutar o “falso dilema entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável”.

O apoio da elite ao governo vem derretendo, mas Bolsonaro quer fazer parecer o contrário. Hoje são poucos os grandes empresários dispostos a serem cúmplices do genocídio em curso. Os participantes desse jantar fazem parte de um clubinho de milionários xucros e tacanhos, muitos deles com dívidas com o governo federal, envolvidos até o pescoço em casos de corrupção e sempre empenhados em adular o presidente da vez.

Bolsonaro estava à vontade no jantar com seu fã-clube. Não apresentou um plano de combate à pandemia nem metas concretas, apenas fez a promessa vazia de que o governo se comprometerá ao máximo com a vacinação. Faltaram planos e projetos, mas sobraram xingamentos e palavrões por parte do presidente.

A reunião aconteceu na casa do bilionário Washington Cinel, dono do grupo de segurança privada Gocil, que tentou por muito tempo se equilibrar entre puxar o saco do presidente e puxar o saco de Doria, e chegou até tentar uma reaproximação entre os dois. Apesar de hoje estar mais próximo do presidente, Cine ainda é amigo e vizinho do governador de São Paulo. Durante o jantar, Bolsonaro afirmou para quem quisesse ouvir: “o vizinho aqui de vocês é um vagabundo”. Mais tarde reafirmou o insulto: “O governador de vocês é um vagabundo, caralho”. Em outro momento, se dirigiu ao ministro da Saúde e reclamou em tom de farra: “Ô Queiroga, tá de máscara? Tira a máscara, caralho!”.

Mas quem são essa meia dúzia de bajuladores que insistem em não largar o saco do presidente? Rubens Ometto é um deles. O empresário foi o brasileiro que mais fez doações para candidatos e partidos nas últimas eleições. Ometto é presidente da Cosan, cujas subsidiárias entra na lista de desmatamento e trabalho escravo. Essas empresas estão cheias de dívidas com o governo. Só uma delas, a Raízen Energia, deve quase meio bilhão de reais. O empresário também responde a uma ação do Ministério Público Federal de reparação ao povo Xavante por violações dos direitos humanos.

Outro bolsonarista presente à festinha foi Rubens Menin, dono da CNN Brasil, do MRV e do Banco Inter. Entre 2011 e 2014, a MRV foi autuada cinco vezes por trabalho escravo. Foi incluída na “lista suja do trabalho escravo”, o que atrapalhava demais os negócios. Menin então criou a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que passou a defender o fim dessa lista.

André Esteves é o bilionário proprietário do BTG Pactual, banco em que foi sócio de Paulo Guedes. Ele já esteve preso por 23 dias em Bangu por tentar obstruir as investigações da Lava Jato. O banco tem faturado alto com o comando do seu ex-sócio e amigo no ministério da Economia. A primeira transação envolvendo créditos do Banco do Brasil fora do seu conglomerado foi com o BTG. O banco estatal vendeu para o banco de Esteves uma carteira de créditos, na maioria, podres. A carteira foi avaliada em R$ 2,9 bilhões, mas foi vendida a um dos fundos do BTG por R$ 371 milhões. Um negócio excelente para Esteves, mas péssimo para o governo.

Quem também estava no encontro é Alberto Saraiva, dono da rede de restaurantes Habib’s, empresa que vende esfirra barata graças à exploração de seus funcionários. A empresa é alvo de inúmeras reclamações trabalhistas e já foi investigada por sonegação fiscal, o que a levou fazer acordos financeiros de até R$ 6,4 milhões com o Ministério Público para evitar processos judiciais em todo o Brasil. Em 2014, o Habibs foi alvo da operação Flex Food, uma ação conjunta das secretarias da Fazenda de seis estados. As investigações apontavam o não fornecimento de nota fiscal ao consumidor e outros esquemas de sonegação de impostos.

Luiz Carlos Trabuco, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, foi réu em denúncia do MPF no âmbito da Operação Zelotes. Ele foi acusado de corromper integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, para tentar anular uma dívida do banco junto à Receita Federal. Trabuco foi inocentado pelo TRF-1, mas, em abril de 2018, a PGR defendeu a reabertura do caso, afirmando que houve um “julgamento antecipado” e que a denúncia apresentada tinha indícios suficientes do envolvimento do executivo.

Flávio Rocha, dono da Riachuelo, é um velho parceiro do bolsonarismo. Uma de suas fábricas foi condenada por submeter funcionários a longas jornadas de trabalho em troca de salários abaixo do mínimo, além de cometer abusos físicos e psicológicos. Rocha é um macaco velho da politicagem. Já foi deputado federal por duas vezes, em uma delas se destacou com um dos aliados mais importantes de Collor. Em 1994, ele chegou até a anunciar sua candidatura à presidência — fato que se repetiu em 2018 —, mas foi obrigado a desistir após ser flagrado no esquema de corrupção que ficou conhecido como Escândalo do Bônus Eleitorais.

Esses foram alguns dos empresários que “ovacionaram” Bolsonaro. Como se vê, o que temos aqui é um punhado de ricaços com o rabo preso com o governo. Esse é o perfil médio do grande empresário que até hoje apoia o presidente genocida. Bolsonaro foi aplaudido mesmo sem apresentar planos concretos para o enfrentamento da pandemia e ainda fez questão de xingar o governador que hoje é o responsável por 80% das vacinas disponíveis no país.

Por mais que tente mostrar o contrário, o presidente está isolado. Virou pária dentro e fora do país, e tem visto sua popularidade despencar a cada pesquisa. O que lhe resta é uma porção de empresários que estão mais preocupados com seus negócios, com as reformas e com o teto de gastos do governo do que com a saúde da população. O país hoje acumula mais de 340 mil mortos por covid-19, tendo batido o recorde macabro de 4 mil mortos por dia. Faltam vacinas, remédios, oxigênio, leitos de UTI, mas parte do empresariado não se envergonha por ovacionar o responsável por tudo isso. Que a CPI da Covid responsabilize Bolsonaro e todos os cúmplices do genocídio.

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Fonte: https://theintercept.com/2021/04/11/andre-esteves-flavio-rocha-rubens-menin-outros-elite-ovaciona-bolsonaro/
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